Depois de tantas indefinições no que respeita à sua participação no campeonato nacional de ralis 2001, Miguel Campos viu um convite de Peugeot Portugal "salvar-lhe" a temporada ao ser indigitado para conduzir o segundo Peugeot 206 WRC da equipa Peugeot Esso Silver Team. A estreia ocorreu na Madeira, depois de uma sessão de testes em Montejunto onde Miguel Campos navegado por Carlos Magalhães pôde conhecer o seu novo carro. Apesar do Rali Madeirense ser duro e exigente, Miguel Campos surpreendeu pelo andamemto evidenciado, mesmo tendo em conta o estado em que alinhou. Estava a recuperar de um intervenção cirúrgica ao pé. Aqui fica uma entrevista onde Campos fala da sua participação na Madeira, bem como desta evolução na sua carreira e também do futuro a curto prazo.

 

Miguel Campos chegou à Madeira e "bateu o pé" a todos, com excepção do seu companheiro de equipa Adruzilo Lopes. Foi uma excelente estreia como Campos reconhece "De facto esta minha estreia no Peugeot 206 foi extremamente positiva, além das expectativas minhas e de toda a gente que me rodeia. Ninguém estava à espera que eu me adaptasse tão bem ao carro. O Peugeot 206 é um carro excepcional, como toda a gente sabe, e tem dado provas no campeonato do mundo que é um carro com um potencial muitíssimo elevado no asfalto, mas os outros carros também têm esse nível de preparação. Portanto, foi pena a minha lesão física porque poderia ter andado mais rapidamente, o que apenas aconteceu no fim do rali, tentado forçado mais o andamento do primeiro dia, o que facilitaria o segundo lugar no último dia. De resto correu tudo muito bem e estamos todos muito contentes. Eu fiquei surpreendidíssimo com a minha adaptação. Costumo adaptar-me bem aos carros mas como este é um carro totalmente diferente nunca pensei que me fosse adaptar tão bem e andar tão rápido como andámos."

Um desempenho que nem uma operação feita a um pé 15 dias antes, foi suficiente para fazer abrandar o tetra campeão de grupo N. "Eu fiz o rali com 15 dias de operação, após uma semana da operação ao pé já estava a treinar na Madeira. Reconheço que corri um risco muito grande, poderia acrescer outra lesão mais grave. Este facto pesou durante os treinos, felizmente tudo correu bem. Durante o rali tive sempre este peso psicológico: será que os parafusos que meti no pé vão partir? Será que estou a fazer mal?" Mesmo com todas estas dúvidas Miguel Campos andou sempre próximo dos primeiros lugares acabando no pódio.

O Peugeot 206 WRC mostrou a sua eficácie em asfalto mesmo nas mãos de Miguel Campos

Este desempenho surprendeu toda a gente, publico, comunicação social e se calhar até a própria equipa. Miguel Campos está consciente do sentimento que causaram as suas perfomances "É claro que surpreendi toda a gente, ninguém estava à espera desta minha tão rápida adaptação. Tinha feito poucos quilómetros nos testes em Montejunto, tinha andado perto de 60 kms a fundo. É claro que na altura tinham a telemetria e não me disseram nada. Já nessa altura tinham ficado satisfeitos com o meu desempenho no Peugeot 206. Para mim foi uma grande surpresa porque peguei no carro e logo no primeiro troço fiz o 2º tempo da geral a 4 décimos do Kremer. Vimos que poderíamos ter ali um ar de glória, conseguir andar o mais rápido possível dentro de segurança. Fomos andando lentamente. No 1º dia tivemos um azar com a embraiagem na especial e fizemos o 19º tempo, íamos fazer bom tempo se não fosse esse problema. No segundo dia, começámos a andar muito bem, além das nossas expectativas onde fizemos o 2º tempo da geral. Começamos a andar com segurança para que nada se passasse para além dos meus objectivos: que era terminar a prova independentemente do lugar devido à lesão do pé. Quando eu vi que realmente estávamos a andar muito bem comecei a idealizar um lugar e terminei o primeiro dia em 5º lugar. No segundo dia as ambições já eram diferentes. Tentámos andar mais rápido um bocado conforme o conhecimento que tínhamos do carro. Conhecíamos o carro cada vez melhor e a confiança aumentava, as afinações integravam-se cada vez mais no meu espírito e é claro que daí para a frente tudo correu bem."

Passada toda a alegria do resultado da estreia, Miguel Campos tem de pensar nas provas que se avizinham, bem como no cumprimento dos objectivos da equipa Peugeot Esso Silver Team "Isto ainda não foi devidamente assimilado. Ainda estamos todos em grande surpresa. Mas ainda bem que aconteceu agora porque daqui para a frente teremos mais responsabilidade e o que é certo é que quando estiver bom do pé vou tentar corrigir os erros da Madeira. Corrigir as falhas que tive na adaptação. O meu objectivo é lá para o Solverde já estar a 100 por cento a guiar o carro. O meu objectivo e o da equipa Peugeot Silver Team é tentarmos vencer as marcas. Vou tentar lutar com o Pedro Matos Chaves e o Rui Madeira – em relação ao Adruzilo há um espírito de ajuda da minha parte. Os ralis vão ser mais competitivos porque são mais pequenos. Os objectivos da equipa são claros: tentar ajudar o Adruzilo a alcançar o título o mais rápido possível e eu tentar pontuar o mais possível para as marcas. Não vou ter objectivos próprios mas de equipa"